Olá queridos amigos, tenho demorado mais do que gostaria para conseguir sentar e escrever, mas vida de mãe que trabalha fora é assim, nem sempre 24 horas é o suficiente para fazer tudo o que queremos e muito menos o que precisamos, a segunda parte então é o que mais fica jogado para escanteio na hora de escolher.
Muita coisa tem acontecido na vida profissional, na AAPA, mas o que mais tem ocupado minha mente são os momentos vividos com dois pré-adolescentes em casa. Como sabem sou mãe de Ohanna Kali 14 anos e Eros Micael 11 anos, uma neurotípica e o outro Autista, mas ambos pré adolescentes, com todas as suas dúvidas, complicações, humores controversos, ideias imediatistas e o grande bicho papão da liberdade de opiniões e gostos, mas em todos esses aspectos eles se parecem muito, o que diferencia absurdamente é a necessidade de um ficar livre em seu canto, com seus amigos e suas músicas, enquanto o outro só pensa em ficar em cima, grudado o tempo todo e sempre em busca de carinho, e é ai que minha cabeça dá um nó, pois ao contrário do que todos possam pensar, quem quer ficar agarrado é meu mais novo Eros, um autista, que contrariando tudo referente a sua deficiência, busca em tempo integral a presença da irmã, toda sua atenção, todo seu carinho, todo o seu tempo e de preferência todo o seu pensamento, enquanto tudo o que ela quer, é ficar sozinha, com seu celular, seus amigos, suas músicas, e eu no meio tentando encontrar um termo que fique bom para ambos, e tendo uma grande dificuldade em como lidar com todo esse carinho e necessidade em ter toda atenção possível.
"Adolescente por si próprio já traz todo um conflito interior, mas lidar com a adolescência e seus momentos próprios já é complicado, imagine sendo irmã de um autista." - fala de Ohanna em nossa última conversa, o que me fez pensar como ela se sente com relação ao irmão, perguntei como ela se sentia, e a resposta foi, - " As vezes ele me sufoca, não me deixa nem pensar." retruquei, - então você não gosta do seu irmão? " Não mãe, eu amo meu irmão, mas não é fácil, só queria um momento meu, onde ele entendesse que quero ficar sozinha, mas amo meu irmão, porque sei que esse é o jeito dele de dizer que gosta de mim."
Enfrentar a dúvida do amanhã é muito difícil, cada dia vivemos uma mudança, cada dia uma superação, cada dia mesmo com o coração na mão, enfrentamos juntos o autismo e agora a adolescência e seus mistérios, só o que conforta é que mesmo com todas as turbulências o amor tá sempre falando mais alto.
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