terça-feira, 15 de janeiro de 2013

CONHECENDO A FARMACOLOGIA


Apesar de nenhum fármaco ter sido encontrado como a cura para o autismo vários medicamentos são usados para controlar as comorbilidades associadas ao autismo, tal como para minorar os problemas de comportamento. A medicação psicotrópica exerce os seus efeitos nos sintomas mentais e de comportamento através da influência química no sistema nervoso central. Estudos avaliaram esta medicação não só pelos seus efeitos benéficos nos objectivos pretendidos como também pelos seus efeitos adversos. Ou seja, alguns medicamentos, incluindo o haloperidol (um neuroléptico ou antipsicótico), a naltrexona (um antagonista dos opiáceos), o clonidina (um agonista alfa adrenérgico) e a fenfluramina (um estimulante) mostram-se eficazes na redução de alguns comportamentos pouco adaptativos em crianças com autismo estão também associados a diversos efeitos secundários. Tal como, a disquinésia (uma condição que envolve movimentos musculares involuntários), agitação, aumento de estereotipias ou um impacto tóxico nos órgãos. A medicação psicotrópica só é administrada a crianças que possuem mais do que três anos devido aos efeitos secundários adversos e porque os seus problemas comportamentais e outros podem ser facilmente moldáveis através de outros tipos de intervenção. The American Academy of Pediatrics nota que as terapias a partir de drogas devem ser usadas em conjunto e não como substitutos para as terapias psicológicas, educacionais, de comportamento ou reabilitativas.


Resumo:A farmacologia é ineficaz no tratamento dos múltiplos défices do autismo, mas pode ser útil no tratamento de problemas comportamentais, de comorbilidades e transtornos associados. Os possíveis benefícios da farmacoterapia devem ser equilibrados com os prováveis efeitos adversos. Esta avaliação deve ser feita caso a caso.

Neurolépticos


Os neurolépticos são uma classe de drogas que se ligam aos receptores de dopamina, serotonina e histamina inactivando-os. Os neurolépticos são comummente usados nos tratamentos anti-psicóticos para delírios, hostilidade, e alucinações nos doentes com esquizofrenia. Estas drogas são consideradas boas candidatas para o tratamento do autismo especialmente porque nas crianças mais velhas e nos adultos foram encontrados valores elevados de serotonina no sangue e no fluído cerebro-espinhal. Estudos usando neuroléptidos como haloperidol e thiorizadine, detectaram que estes têm realmente efeitos comportamentais nos indivíduos mas, no entanto, possuem muitos efeitos secundários que podem ser problemáticos. Estes efeitos secundários incluem: sedação, irritação, ganho de peso e movimentos motores anormais (rigidez, tremores, cansaço) também conhecidos como “disquinésia extra-piramidal”. Estes efeitos secundários mantêm-se a longo termo após a toma do medicamento.
Risperidona é um novo neuroléptico que parece produzir menos efeitos secundários. Este liga-se aos receptores de dopamina e serotonina e bloqueia a sua acção. As crianças avaliadas sobre o efeito desta droga demonstram que as crianças diagnosticadas com autismo mostram melhorias nas relações sociais e reduções na hostilidade, agressão, irritabilidade, agitação e hiperactividade. Por outro lado, a administração de risperidona provoca também ganhos de peso, sedação, aumento do apetite e alguns movimentos anormais (estes movimentos anormais não são tão graves nem tão duradouros como com o haloperidol e o thioridazine).

Inibidores da recaptação da serotonina


A fluoxetina (cujo nome comercial é Prozac) é útil no tratamento das crianças e adultos com autismo, especialmente em doentes com comorbilidades de depressão e ansiedade. Melhorias na linguagem, cognição e relação social, tal como a redução de rituais e comportamentos obsessivos está documentado em vários estudos. Respostas positivas têm vindo a ser observadas sobretudo em pacientes cujas famílias possuem uma história de problemas afectivos. Os efeitos secundários que se notam com a fluozetina incluem: insónia, cansaço, diminuição do apetite, hiperactividade e agitação. Segundo a informação revelada do PET a fluoxetina aumenta a actividade metabólica no lobo direito frontal, particularmente no cíngulo do giro anterior e no córtex orbitofrontal. O cíngulo do giro é uma estrutura profunda do lobo frontal que possui um importante papel nos processos de atenção. Esta área cerebral comunica com o sistema límbico (emoções primitivas) e com o córtex pré-frontal (relacionado com a ameaça, prazer e actividades orientadas para uma actividade orientada para um objectivo). Uma baixa actividade nestas áreas está associada ao autismo.
Outras drogas que impossibilitam a recaptação de serotonina, tal como a fluvoxamina e a clomipramina têm vindo a ser examinadas. A fluvoxamina ao que se sabe diminui os pensamentos e comportamentos repetitivos, a agressão, outros comportamentos disruptivos e também melhora as relações sociais e a linguagem utilizada. Finalmente, a clomipramina reduz os comportamentos estereotipados, a irritação e os comportamentos compulsivos.

Antagonistas dos opióides


Altos níveis de opióides foram encontrados no fluído cerebroespinhal de muitas crianças autistas. Os opióides reduzem a percepção da dor e podem induzir sentimentos de euforia. Os antagonistas dos opióides ligam-se aos receptores dos opióides no cérebro e bloqueiam a acção natural destes. As crianças se auto-agridem têm habitualmente elevados níveis de opióides endógenos que inibem o sentimento de dor associado aos comportamentos de auto-agressão. A diminuição dos opióides serve de resguarde a estes comportamentos. Naltrexona, um antagonista dos opióides foi estudado e verificou-se uma redução da hiperactividade e do cansaço.

Estimulantes e Agonistas adrenérgicos


As drogas estimulantes, como a Ritalina (metilfenidato) têm sido prescritos para as crianças autistas como forma de redução da hiperactividade e dos défices de atenção. As pesquisas avaliam a eficácia desta droga indicando boas melhorias sobretudo nas crianças autistas de alto rendimento; contudo os resultados têm sido inconsistentes. Os efeitos secundários observados incluem o aumento da agressão e dos comportamentos estereotipados. Em geral, os estimulantes não são frequentemente prescritos para autistas por si, mas sim para controlo de problemas de comportamento. As crianças que são tratadas com agentes serotoninérgicos devem ser avaliadas no início do estudo, antes de iniciar o tratamento e depois, regularmente avaliados para se detectar possíveis sintomas de um síndrome serotoninérgico.
Os agonistas alfa adrenérgicos, como a clonidina fixa-se aos receptores de norepinefrina e outras catecolaminas no sistema nervosa e periférico e comportam-se como substâncias químicas. As crianças que tomaram clonidina demonstram uma redução na irritabilidade e hiperactividade segundo a avaliação de pais e professores. A sedação e a diminuição da pressão sanguínea foram efeitos secundários. Os participantes também desenvolveram tolerância à medicação.

Anticonvulsionantes


A medicação anti-convulsionante é muitas vezes utilizada para controlar as convulsões que ocorrem em cerca de um terço dos indivíduos com a perturbação do espectro autista. Estas drogas incluem o ácido valpróico, divalproex de sódio, lamotrigina, topiramate, carbamazepine e o vigabatrine. As investigações sugerem que a medicação anticonvulsionante é eficaz no controlo da estabilidade emocional e reduz a agressão mesmo nos pacientes com história de epilepsia.

Possíveis tratamentos futuros com:
- Oxitocina;
- R-BH4;
- Ampakines;



Bibliografia:
Withman, T (2004). The development of autism – a sef-regulatory perspective. London and New York: Jessica Kingsley Publishers;
www.emedicine.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário