E nesse caminho algo que variou em tempos recordes foram as minhas emoções e sentimentos.
Tudo começou no domingo ao receber um Whatsapp de um grande amigo meu e um dos meus terapeutas na associação, uma mensagem que falava mais do aue palavras, falava de um sentimento que ja vinha sendo segurado a meses e ao ler e reler a mensagem parei, respirei fundo, e mais uma vez usei a minha tao velha e companheira lógica dos fatos.
Escolhas, a cada instante uma escolha e eu sempre espero estar fazendo a correta e naquele longo momento vi que só existia um caminho que me machucaria absurdamente, mas que não afetaria mais aos demais. E com isso em mente cheguei para a reunião na segunda-feira e logo aos 3 minutos expus minha decisão e como sempre faço dei duas opções e meus queridos amigos porque e isso que eles são pra mim, mais que terapeutas eles são meus amigos.
E com meu coração de mãe em conflito com minha mente de administradora recebeu o veredito que eu relutava mas ja sabia ser inevitável.
Ao término respirei fundo, agradeci de coração mesmo a cada um e praticamente forcei minha mente a raciocinar, afinal minha querida instituição estava pela segunda vez paralizando seus atendimentos, pela segunda vez eu via meu sonho escorregar por entre meus dedos. Nesse dia acho que chorei somente a noite quando fui colocar meu sincero agradecimento aos terapeutas em rede social. Sabe aquela dor funda que as vezes te faz não conseguir respirar? Era essa que eu estava sentindo, a última vez que senti foi quando perdi minha mãe.
Terça feira chegou e com ela a primeira reportagem, a paralisação da AAPA era assunto na rede social. Quarta feira a materia sai no jornal extra e ligações de amigos, confesso eu estava no piloto automático, temos que cumprir a agenda, tenho que cuidar dos meus filhos, tenho que pensar em como voltar a funcionar, tenho que preparar as aulas do curso, preparar o projeto, responder as perguntas, ficar bem nesse meio tempo.
Quinta feira sou chamada pra reunião na secrt. A.S, acho que de tudo o que ouvi, nada amenizava aquela dor que falei la em cima, porque na realidade quem tem filho deficiente sou eu, quem ve o filho em casa sem ter terapia sou eu, e quem não ouviu uma esperança imediata fui eu, não estou falando que nao vejo a realidade de nosso país, mas a minha realidade doi muito mais, meu filho e só um número, minhas crianças são números, e não conseguia naquele momento ficar feliz ou ouvir a esperança porque dependemos de muitas coisas para poder ver algo simples que e cuidar e amar ao que faz indo pro ralo.
Sexta feira, e o corpo ja não responde com tanto entusiasmo, mas duas reportagens esperavam por nós Sbt Rio e Record rio e nesse meio de caminho Eros teve mais uma de suas noites de insónia, das 2horas da madrugada em diante foi dia em nossa casa, vários banhos longos pra ver se ele se acalmava e nada por fim o sol apareceu, o café ficou pronto e as 7h eu e minha pequena familia seguimos para a entrevista, que não ocorreu. Mas a resposta a primeira entrevista veio por mensagem Whatsapp. E naquele momento eu pensei, estou tão cansada, o mundo gira e tudo contínua tão igual, tudo tão igual.
Parem o onibus que quero descer. Desci, me refugiei no único lugar onde consigo esquecer as dores dessa luta pelo autismo e pelos autistas, minha casa e o abraço de meus filhos, meu esconderijo de tudo o que me machuca e de tudo o que me causa medo nessa vida. Meus filhos.
E que venha o sábado e o domingo para fechar essa semana que pra mim pareceu apenas umas parcas horas entre o presente e o ausente.