Relato de uma professora.
Respondo tua mensagem porque vivenciei estas mordidas no ano de 2011 com um aluninho de 4 anos, com diagnóstico de autismo.
Sou
professora a muitos anos e me vangloriava de não apanhar dos alunos.
Mas Dada (nome fictício) veio desmentir esta afirmação, com tapas,
pontapés, arranhões e depois mordidas. Inclusive em seus familiares .
Trabalho
com crianças com diferentes necessidades especiais , e "aproveito"
seus movimentos e ações no trabalho pedagógico. Assim , balanceio vira
dança, estereotipias com braços e mãos tocam tambor, chocalho; balbucio
e "gorjeio" vira canção.
Com Dada foi a mesma coisa,
transformamos tapas e arranhões em carinho, usando creme para massagear
os braços, chutes viraram futebol
Estas ações não são orientadas
somente pela fala , mas tocando no aluno, levando o aluno pela mão para
executa-las. Não se
modificam em um dia, mas ao longo do trabalho e muitas vezes são
esquecidas. Também , como tu , disse a ele que não gostava de apanhar,
que doia , que eu gostava muito dele e esperava sempre por ele para
brincar etc
Superada esta fase, vieram as mordidas. Doeram muiTo ,
nos meus braços e no meu "coração", doeram mais ainda quando ao
entregar o aluno aos pais ou avó relatava, como sempre, o que fizemos
em aula.
Pensando ... não atribui significado emocional ao fato e
sim vi nesta ação a fome , a vontade de morder, de comer. Falei com os
pais e eles contaram que ele lanchava antes do atendimento.
No
atendimento seguinte levei uma maçã para Dada e ele a "devorou". Tirei
fotos e mostrei aos familiares sua satisfação comendo a maçã.
Foi
uma alegria geral. A partir deste dia Dada trouxe maçãs para os
atendimentos. A família, fazia questão de levar mais de uma para o
coleguinha que faz dupla com
ele e para a professora. Professora sempre ganha maçã , não é?
O
sorriso voltou a nossa aula. Dai em diante, ao perceber sua agitação
perguntava se queria maçã, mesmo ele não respondendo, entregada a metade
da fruta e Dada sentava para comer e brincar . Depois fomos ampliando o
cardápio e comendo com pratinho, talhares.
Terminamos o ano com muitos progressos e harmonia.
Espero que este relato possa contribuir no crescimento de Matheus.
Envio
um abraço para ti e um muito especial para Argemiro e Mariene, que com
muita eficiência e carinho me relataram sua jornada de pais, ofereceram
um almoço delicioso e mostraram instituições em Salvador em fevereiro de
2010.
Relato da Professora Amelia Tochetto para uma família amiga,
pessoal fica a idéia, eu passo por isso com o Eros, não com mordidas , mas com tapas e empurrões e vou utilizar essas dicas.
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