quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

ÍDEIAS QUE FUNCIONARAM - AS AGRESSÕES

Relato de uma professora.

Respondo tua mensagem porque vivenciei estas mordidas no ano de 2011 com um aluninho de 4 anos, com diagnóstico de autismo.
Sou professora a muitos anos e me vangloriava de não apanhar dos alunos. Mas Dada (nome fictício) veio desmentir esta afirmação,  com tapas, pontapés, arranhões e depois mordidas. Inclusive em seus familiares .

Trabalho com crianças com diferentes necessidades especiais , e "aproveito" seus  movimentos e ações no trabalho pedagógico. Assim , balanceio vira dança, estereotipias com braços e mãos tocam  tambor, chocalho; balbucio e "gorjeio" vira canção.

Com Dada foi a mesma coisa, transformamos tapas e arranhões em carinho, usando creme para massagear os braços, chutes viraram futebol
Estas ações não são orientadas somente pela fala , mas tocando no aluno, levando o aluno pela mão para executa-las. Não se modificam em um dia, mas ao longo do trabalho e muitas vezes são esquecidas. Também , como tu , disse a ele que não gostava de apanhar, que doia , que eu gostava muito dele e esperava sempre por ele para brincar etc

Superada esta fase, vieram as mordidas. Doeram muiTo , nos meus braços e no meu "coração", doeram mais ainda quando ao  entregar o aluno aos pais ou avó  relatava, como sempre, o que fizemos em aula.

Pensando ... não atribui significado emocional ao fato e sim vi nesta ação a fome , a vontade de morder, de comer. Falei com os pais e eles contaram que ele lanchava antes do atendimento.
No atendimento seguinte levei uma maçã para Dada e ele a "devorou". Tirei fotos e mostrei aos familiares sua satisfação comendo a maçã.

Foi uma alegria geral. A partir deste dia Dada trouxe maçãs para os atendimentos. A família,  fazia questão de levar mais de uma para o coleguinha que faz dupla com ele e para a professora. Professora sempre ganha maçã , não é?
O sorriso voltou a nossa aula. Dai em diante,  ao perceber sua agitação perguntava se queria maçã, mesmo ele não respondendo, entregada a metade da fruta e Dada sentava para comer e brincar . Depois fomos ampliando o cardápio e comendo com pratinho, talhares.

Terminamos o ano com  muitos progressos e harmonia.
Espero que este relato possa contribuir no crescimento de Matheus.

Envio um abraço para ti e um muito especial para Argemiro e Mariene, que com muita eficiência e carinho me relataram sua jornada de pais, ofereceram um almoço delicioso e mostraram instituições em Salvador em fevereiro de 2010.
 

Relato da Professora Amelia Tochetto para uma família amiga,

pessoal fica a idéia, eu passo por isso com o Eros, não com mordidas , mas com tapas e empurrões e vou utilizar essas dicas.




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